quarta-feira, 3 de julho de 2024

ILS no Aeroporto de Londrina, já é realidade?


Imagem: Google / Havkar

   Nos últimos dias da primeira semana de julho de 2024, estão ocorrendo muitos burburinhos, especulações e notícias que incendiaram as redes sociais e portais midiáticos da cidade, com a manchete "O Aeroporto de Londrina terá o ILS".

    Já é sabido de todos os londrinenses, ou simpatizantes pela cidade de Londrina, que o famigerado Sistema de Pouso por Instrumento (Instrumental Landing System), mais conhecido pelo acrônimo ILS, é uma briga política que já completa décadas em Londrina, entre campanhas, promessas e negativas do próprio Departamento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, o DECEA, órgão subordinado ao Comando da Aeronáutica da Força Aérea Brasileira.

    Ocorre que, agora, o próprio DECEA, publicou notícia em seu portal de imprensa com o título "Aeroporto de Londrina receberá ILS", publicado em 02/07/2024 às 08:09 daquele dia pela ASCOM-DECEA. 

    A Assessoria de Comunicação Social do DECEA, publicou o seguinte:

"O DECEA realizou um estudo técnico para a instalação do ILS na pista não preponderante, que envolveu análises normativas, dados operacionais, condições meteorológicas e estatísticas de tráfego aéreo, sendo constatada a viabilidade de instalação do ILS. 

O processo de aquisição e instalação do ILS será resultado de um trabalho colaborativo entre o DECEA, a Prefeitura de Londrina, a Concessionária Aeroportuária (CCR) e a NAV Brasil, que envolverá várias etapas: realização de estudos técnicos e normativos; coordenação entre as diferentes organizações envolvidas; implementação de infraestrutura complementar (ALS, pista de táxi e infraestrutura local); instalação do ILS e sistemas associados; e testes, voos do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) e homologações técnicas.

Participam desse processo pela Força Aérea Brasileira (FAB), a CISCEA que fará a aquisição e implantação do ILS, o Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), que realizará a elaboração dos procedimentos de aproximação e atualização da carta de aeródromo; o GEIV, que executará a validação dos parâmetros do ILS em voo e aprovação das cartas de aproximação; a CCR encarregada pela adequação da infraestrutura local para instalação dos equipamentos; e a NAV Brasil, responsável pelos estudos técnicos referentes à operação do aeródromo".

    Diferente do que é veiculado pela imprensa local e nas redes sociais de políticos de Londrina, e também do estado do Paraná, temos publicada uma notícia oficial e que finalmente marcará uma continuação importante para o grande "dilema" da instalação do sistema no aeroporto de Londrina.

    O ILS será instalado na cabeceira de número 31, para pousos na RWY31, no sentido Limoeiro para o centro de Londrina, pois o sistema, além de antenas transmissoras de sinais de rádio, necessita do Sistemas de Luzes de Aproximação (ALS), que faz parte do sistema ILS. A instalação do ILS e ALS nessa pista se torna muito mais viável financeiramente devido as instalações de residências, prédios e construções civis no geral no sentido da pista RWY13 do centro para Limoeiro. 

REUNIÃO COM OS REPRESENTANTES DO DECEA

Imagem: Reunião RJ - Fábio Maciel / ASCOM DECEA

    Na cidade do Rio de Janeiro/RJ ocorreu uma reunião com a participação de autoridades municipais, como o prefeito do munícipio de Londrina, Marcelo Belinati (PP), o secretário de Governo, João Luiz Esteves; e o coordenador do Grupo de Trabalho do Aeroporto de Londrina, José Nicolás Mejía; e dos representantes do DECEA estavam presentes o Tenente-Brigadeiro do Ar Alcides Teixeira Barbacovi; o Major-Brigadeiro Alexandre Arthur Massena Javoski; e o Major-Brigadeiro do Ar Sergio Rodrigues Pereira Bastos Junior.

    Em reunião, o DECEA confirmou que o Aeroporto Governador José Richa, de Londrina, irá receber a instrumentação do Sistema de Pouso por Instrumento, porém antes deverá ser licitado pelo departamento e instalado pela Concessionária CCR Aeroportos.

    O processo de licitação, preparação, instalação e testes poderá levar algum tempo para que realmente as operações de pouso por instrumento de precisão ocorram, e não deverá ser executado em um prazo curto. A exemplo, o ILS de Maringá começou a se instalado em 20 de junho de 2023, sendo homologado pelo DECEA/FAB e entrou em operação em 16 de janeiro de 2024.

CONCESSÃO DO AEROPORTO DE LONDRINA

Imagem: Aeroporto de Londrina - CCR Aeroportos

    No ano de 2021, o aeroporto de Londrina fez parte de um pacote de concessões à iniciativa privada, composto também pelos aeroportos internacionais Afonso Pena, em São José dos Pinhas, e das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, e pelo Aeroporto do Bacacheri, em Curitiba, todos os aeroportos no estado do Paraná. A previsão total de investimentos era de aproximadamente R$ 1,4 bilhão por 30 anos de concessão.

    O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), em entrevista para a Folha de Londrina, afirmou que essa é uma conquista, um momento histórico para a cidade e para toda a região de influência de Londrina, que tem uma população de quase três milhões de pessoas. Diz, ainda, que o ILS em Londrina trará maior desenvolvimento regional para todo o norte do Paraná e que o aeroporto está recebendo quase R$ 300 milhões em investimentos, que envolvem também a reforma e ampliação da pista e da área de embarque, trazendo melhorias para os passageiros e todos os serviços prestados.

MELHORIAS NO AEROPORTO DE LONDRINA

Imagem: Pista RWY13 - 2024/07 - TMA Londrina

    Até o momento, o processo do Plano Diretor do Aeroporto de Londrina está em homologação perante a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). As ampliações, extinções ou criação de vias somente serão confirmadas através da aprovação do plano que está em análise nos protocolos eletrônicos da agência. Portanto, até o fechamento dessa matéria não iremos detalhar o que está nos planos, esperando a confirmação para que possamos, com fontes técnicas e oficiais, exibir a perspectiva de futuro das instalações do SBLO.

O QUE É O SISTEMA DE POUSO POR INSTRUMENTO (ILS?)

Imagem: Componentes do ILS.

    Existem tipos de procedimentos de aproximação em duas categorias distintas, os procedimentos de não-precisão e os procedimentos de precisão. Atualmente, Londrina conta com procedimentos de não-precisão, que são balizados por instrumentos de rádio auxílio de solo, como o VOR (que nesse momento está inoperante) e os satélites da constelação GPS.

    Os procedimentos de não-precisão possuem limitações de visibilidade horizontal máxima predominante e altura entre o solo e a base das formações (nuvens). Em um procedimento de pouso de não-precisão a aeronave descerá até o limite de sua categoria de acordo com a sua velocidade de cruzamento de cabeceira, ao atingir o limite de visibilidade tanto horizontal quanto vertical, caso o piloto não aviste a pista de pouso ele deverá iniciar uma arremetida e seguir os procedimentos conforme o instruído em carta aeronáutica, ou, por ordem dos controladores de voo.

    Londrina possui o procedimento RNP Y RWY 31 (AR), procedimento de não-precisão em que a aeronave utiliza sinais de geolocalização da constelação de satélites GPS, necessitando que a aeronave e a tripulação estejam homologados a cumprir esse tipo de procedimento. Os limites para pouso para qualquer categoria de aeronave são: uma Altitude de Decisão (DA) de 2.153 pés e distância de 0,92 milhas náuticas da cabeceira (1.704 metros) THR 31 para avistamento da pista, o aeroporto de Londrina está em uma elevação de 1.866 pés, portanto a aeronave poderá descer até 342 pés de altura em relação a pista 31 para pouso, aproximadamente 104 metros de altura em uma distância de 1.704 metros da cabeceira da pista. Ao atingir a DA o piloto deve decidir entre pousar, caso esteja em contato visual com a pista, ou arremeter, caso não tenha avistado a pista.

    O ILS é um sistema de aproximação de precisão que permite a realização de um pouso seguro em condições meteorológicas restritas, com baixa visibilidade e teto. Atualmente ainda é o sistema de pouso mais preciso disponível, permitido em alguns casos, o pouso com visibilidade zero (CAT III-C).

    O sistema possui três categorias, cujas as classificações são formadas a partir da sofisticação dos equipamentos instalados no solo. As categorias variam de acordo com a visibilidade horizontal máxima predominante (RVR) e o teto (altura entre a base da formação e a pista).


    A categoria a ser instalada no Aeroporto de Londrina (SBLO/LDB) é a CAT I (um), sendo possível um pouso por instrumentos desde que as condições meteorológicas não estejam com uma visibilidade horizontal máxima inferior a 730 metros e/ou um teto inferior a 200 pés (61 metros). É possível comparar com o procedimento RNP Y RWY 31, teríamos uma suave ampliação dos mínimos meteorológicos de 1.704 metros para 730 metros, e 342 pés de teto para 200 pés, a depender do que for confeccionado após estudos da implementação do procedimento.

Imagem: GIF animado, ALS.

    O sistema requer a instalação de um ALS (Approach Lightning System) que é composto por um conjunto de luzes instaladas ao longo do eixo da pista e que proporciona orientação visual ao pouso, desde a cabeceira da pista até cerca de 914 metros de distância no setor de aproximação, seguindo o alinhamento da pista para facilitar ao piloto a transição da fase de pilotagem por instrumentos para visual. Há diversos tipos de ALS, sendo os mais comuns no Brasil os tipos ALSF-I e ALSF-II.

O QUE IRÁ E NÃO IRÁ OCORRER COM A OPERAÇÃO POR ILS

    Comumente observamos na leitura de comentários nos portais de imprensa, em grupos de aplicativos algumas dúvidas comuns, listamos em tópicos o que irá ocorrer e o quê não irá ocorrer com a operação do ILS.

O que IRÁ ocorrer?

  • O pouso em condições meteorológicas adversas, desde que estejam iguais ou acima dos mínimos para a Categoria do ILS a ser instalado.
  • Redução de arremetidas, voos alternados e custos para as companhias aéreas.
  • Aumento de operações em condições meteorológicas adversas.
  • Incremento na segurança das operações de pousos/decolagens no aeroporto de Londrina.
  • Aumento da satisfação dos passageiros.
  • Impacto positivo na economia e desenvolvimento do município e região de Londrina.

O que NÃO irá ocorrer?

  • O pouso de aeronaves de grande porte, isso depende exclusivamente de outros fatores como tamanho de pista, pátio e áreas de estacionamento, além do principal que seria a demanda por aeronaves de porte maior.
  • O pouso de aeronaves tipo cargueiros "jumbo", assim como explicado no tópico anterior, depende de outros fatores, além da ampliação dos espaços físicos já existentes, seria necessário o investimento em maquinário e capacitação. 
  • O pouso com neblina densa, com visual de poucos metros e sem visibilidade vertical.
  • O pouso em tempestades severas.
  • O pouso ILS pela pista predominante, cabeceira 13. O equipamento será instalado na cabeceira 31.

FONTES:

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