Observa-se ainda um volume considerável de dúvidas técnicas sobre o funcionamento do Sistema de Pouso por Instrumentos, ILS, em Londrina. O aeroporto possui duas cabeceiras de pista, designadas 13 e 31, referências diretamente associadas ao rumo magnético indicado pela bússola de bordo quando a aeronave encontra-se alinhada para pouso ou decolagem. Essa nomenclatura é padronizada internacionalmente na aviação civil, facilitando o entendimento situacional de pilotos, controladores de tráfego aéreo e despacho operacional.
A cabeceira 13, direção oeste para leste, recebe aeronaves que ingressam pela região de Cambé, cruzam o centro da cidade e tocam a pista seguindo o sentido centro para Limoeiro. Na decolagem, as aeronaves seguem um perfil omnidirecional compatível com sua rota, por exemplo, subindo em direção a cidade de Ibiporã nas operações para São Paulo. Por outro lado, a cabeceira 31 estabelece aproximação na direção oposta, sentido Limoeiro para Centro, com ingressos pela área da cidade de Assaí e saída de decolagem sobrevoando a região central de Londrina.
O ponto central da discussão é que todo o ILS de Londrina foi projetado exclusivamente para a cabeceira 31. O sistema de auxílio de navegação por rádio e o ALS, o conjunto de luzes de aproximação, foram instalados apenas nesse sentido. Assim, o procedimento de aproximação de precisão somente poderá ser utilizado quando as condições meteorológicas e operacionais permitirem pousos pela cabeceira 31. Já a cabeceira 13, predominante em grande parte do ano devido ao regime de ventos da região, continuará operando com procedimentos convencionais baseados em navegação por satélite e performance, RNAV, RNP e PBN, sem suporte do ILS. A instalação foi direcionada para a cabeceira 31 em razão da viabilidade técnico financeira do projeto, uma vez que implementar o sistema na cabeceira oposta implicaria custos significativamente superiores, intervenções complexas e desafios logísticos relevantes, incluindo a implantação do ALS em área urbana consolidada, o que elevaria riscos, exigências de desapropriação, restrições municipais e impactos estruturais que ultrapassariam a justificativa operacional do investimento.
Ressalta-se que, embora representem ganho operacional significativo, sistemas de precisão como o ILS envolvem alto custo de aquisição, operação e manutenção, exigindo análise rigorosa de viabilidade técnica, econômica e operacional. Londrina enfrenta, historicamente, condições de visibilidade e meteorologia adversa que, em episódios mais críticos, ultrapassam inclusive a capacidade operacional dos padrões CAT I e até mesmo CAT II, limitando os benefícios do sistema em determinados cenários.
O ILS trará avanço importante para a segurança e regularidade das operações no aeroporto, mas não elimina totalmente as restrições decorrentes de nevoeiro, teto crítico e fenômenos meteorológicos intensos observados no norte do Paraná. É um passo relevante, porém inserido dentro de realidades climáticas e operacionais que ainda exigirão gerenciamento, planejamento e tomada de decisão criteriosa por parte de operadores, companhias aéreas e controle de tráfego aéreo.
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