Queridos leitores e seguidores do blog TMA Londrina, fiz a minha primeira viagem única e exclusivamente com o objetivo de acompanhar um evento aeronáutico, e que evento fantástico diga-se de passagem, na AFA – Academia da Força Aérea na cidade de Pirassununga/SP.
Essa publicação está separada por tópicos devido a sua extensão e fica a cargo do leitor pular a leitura para a parte que lhe é de maior interesse.
Primeiramente devo explicar o porquê essa publicação possui a indicação de “[OFF-Topic]” no título, a expressão “OFF-Topic (fora de tópico)” tem origem nos antigos Fóruns online de discussão e significa, de maneira objetiva, quando um assunto fora do tema do assunto principal do fórum ou sessão do fórum é abordado. Nossos seguidores mais antigos sabem que não costumamos escrever e publicar materiais feitos fora da área do espaço aéreo real da Terminal Londrina (SBXO), mas como também não gostamos de ficar presos somente na realidade da aviação de Londrina e cidades vizinhas, creio que seja interessante compartilhar a experiência dessa incrível viagem.
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"Torre do Aeródromo Campo Fontenelle - SBYS" |
O Domingo Aéreo é um evento de organização militar pela Força Aérea Brasileira apresentado anualmente que abrange um público diverso entre militares e principalmente civis. O evento, que não foi realizado em 2016, devido as olimpíadas, retornou de uma maneira bem organizada e controlada nesse ano, com a necessidade de um cadastro prévio e entrada mediante a ingresso válido distribuídos em quatro lotes através do site oficial do evento, a organização esperava cerca de 60 mil pessoas até o final do evento.
A VIAGEM
A viagem para Pirassununga era incerta, há meses de ocorrer o evento eu já combinava com amigos a possibilidade de nos reunirmos e de alguma maneira chegar até lá por carro, van, ônibus ou até mesmo pegando carona em trem cargueiro (claro que essa sugestão foi brincadeira). Além de não termos planos concretos, a maioria ainda não tinha certeza se teria recursos para concretizar qualquer uma das opções que estávamos reunindo, foi então que tentamos cotar uma Van e reunir o máximo de interessados possíveis para ter uma estimativa de valores, logo, comecei a mandar uma mensagem “cópia e cola” em vários grupos de aplicativos de mensagens em busca de interessados. Foi em um desses grupos que descobri que alunos e professores da UNOPAR estavam cotando um micro-ônibus para levar os interessados para o Ninho das Águias.
Estava praticamente acertado quando recebi a triste notícia de que a viagem havia sido cancelada devido a desistências de viajantes por conta de o evento ser no feriado de dia dos pais. Logicamente fiquei chateado, pois já tinha até planejado tudo e feito uma “triagem” no que eu levaria para a viagem. Sem opções, cheguei a anunciar em nosso Instagram que não prestigiaríamos mais o evento, dei a notícia aos amigos e, a contragosto, me conformei em não ir e perder tudo.
Mais uma surpresa, dessa vez muito boa, fui posto em um grupo nomeado de “Domingo Aéreo – 13/08” no aplicativo WhatsApp com uma enxurrada de mensagens, áudios, listas e somente um ou dois integrantes que já eram contatos em minha agenda e eu os conhecia. Fiquei extremamente animado com a possibilidade de viajar e quando tive a certeza de que a turma que organizava a viagem estava centrada e focada, confirmei a minha ida. Detalhe importante, a viagem foi acertada nos 45 minutos do segundo tempo, quase em acréscimo e deu tudo certo!
A nossa Van tinha uma capacidade para 20 pessoas e, até momentos antes da viagem, 18 pessoas confirmaram presença e a nossa viagem foi agendada com saída as 21 horas local de Londrina.
As 18 horas de Sábado, quando eu fiquei livre, foi uma pequena correria para arrumar os últimos preparativos e conferir se todos os equipamentos estavam na mochila. As 20:30 cheguei no local marcado para saída, sendo o segundo viajante a chegar lá, estava tudo pronto e a ansiedade já tomava conta, o cansaço foi outro fator que me preocupava desde aquele momento, pois seria uma viagem de 7 horas no mínimo e dormir em qualquer veículo para mim é uma tarefa complicada.
Todos prontos, tudo acertado, zero estresse, o motorista chegou com a nossa Van, muito boa por sinal, com Wi-Fi funcional durante toda a viagem e para a alegria de todos com tomadas para carregar as “correntes da escravidão” moderna, nossos smartphones.
A viagem foi tranquila, assim como eu, algumas pessoas simplesmente não conseguiram dormir ou cochilar, não pelo fator “barulho” das conversas ou a preocupação por pegar a estrada durante a madrugada, mas sim a ansiedade! Creio que todos estavam ansiosos para chegar logo e contemplar todas as atrações.
Fizemos apenas uma parada na cidade de Bauru/SP em um posto com parada de viajantes, o famigerado “Graal” e seus preços exorbitantemente superfaturados. O tempo foi bem relativo, todos comentavam o quanto as 4 horas de viagem haviam passado rápido e faltava um pouco menos para alcançarmos o nosso destino. Aliviados, alimentados, assustados com o preço dos alimentos e bebidas do posto, voltamos para o nosso veículo e seguimos viagem.
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"Nascer do sol em Pirassunnga" |
Chegamos na Academia da Força Aérea por volta das 04 horas e 30 minutos da madrugada de Domingo, encontramos alguns carros já estacionados em um canto da rodovia, inclusive uma barraca de
Camping, e fomos a primeira Van a chegar, logo depois mais Vans foram chegando e como não haviam instruções de onde estacionar corretamente, acabamos estacionando em um local errado sendo advertidos por um militar que ordenou que voltássemos para o final da fila no lado oposto da estrada e assim fizemos. Nessa mesma condição outra Van atrás da nossa acabou não vendo um carro que estava em sua retaguarda e ao efetuar a marcha ré, acabou colidindo com o mesmo e naquele momento eu imaginei que seria um caos para ingressar no evento somente às 07 horas da manhã, porém não houve confusão, não houve alarde, os motoristas se resolveram e todos ficamos no lado direito da rodovia na mão de quem entra para a AFA.
Não tinha muito o que fazer a não ser esperar, no lado de fora fazia 16°C e um vento fraco que teimava em provocar uma sensação térmica menor ainda. Muitos voltaram para a Van e resolveram cochilar até dar o horário de abertura dos portões. Foi uma verdadeira sinfonia de cochichos, sons estomacais, roncos, respirações e o som dos demais conversando em voz alta no lado de fora dos carros. O tempo passou rápido, observava todos chegando tentando furar fila e sendo advertidos pelos militares, muitos conseguiram através do “jeitinho brasileiro” jogar o carro aonde dava para furar fila, mas prefiro não entrar nessa discussão.
Por volta das 07 horas da manhã não teve jeito mais dos militares ordenarem que os veículos fossem para o acostamento no lado direito da via, perdia de vista o final da fila e observava muito faróis distantes, pessoas, vans, carros, motos, micro-ônibus, motor-homes, uma infinidade foi parando e tumultuando a rua quando os portões abriram e foi aquela correria para o pessoal chegar e garantir o melhor lugar.
PORTÕES ABERTOS
Finalmente! Chegou a hora! Estávamos cruzando os portões da AFA quando já comecei a me surpreender com a quantidade de militares ordenando e organizando impecavelmente aquele fluxo imenso de veículos e pessoas que chegavam ao evento. Tudo foi muito surpreendente, é um local muito bonito e interessante. Começamos a ver algumas aeronaves estáticas na entrada e já fomos matando aquela vontade de ver de perto a aviação militar, havia um AT-6 Xavante em ângulo de arfagem no meio da via, um F-5, um Gloster Meteor e um Mirage, no outro lado havia o famoso H-1H Sapão e, escondido atrás da piscina olímpica, um de Havilland Canada DHC-5A C-115 Búfalo, já pedindo minhas sinceras desculpas aos leitores por não ter registrado qualquer foto da entrada da Academia.
Fomos orientados a estacionar a Van (em um ângulo de 45°) na frente da piscina olímpica, lá desembarcamos e seguimos a pé rumo a entrada do evento e de longe já dava para ver algumas aeronaves da fumaça e o grande astro daquela manhã, o KC-390 da Embraer. Deixei minha contribuição com alimentos não perecíveis nas tendas próximas ao evento e entrei na fila para validar o meu ingresso e receber a pulseira verdinha de visitante comum.
Até aquele momento o movimento no pátio estava tranquilo, poucas pessoas estavam lá e algumas fotos puderam ser feitas sem que outras pessoas pudessem atrapalhar o registro da aeronave inteira. Comecei pela ordem de proximidade da minha esquerda para a direita ao chegar no pátio.
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"Embraer A-29A Super Tucano, FAB5715, #3 Esquadrilha da Fumaça" |
A primeira aeronave a ser fotografada foi o Super Tucano A-29A, número 03 da Esquadrilha da Fumaça, registro FAB 5717, que estava isolada no cantinho do pátio. Aeronave muito bonita por sinal.
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"13º Regimento de Cavalaria Mecanizado do Exército Brasileiro" |
O 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado do Exército Brasileiro também marcou presença no evento.
Em outro canto do pátio pudemos registrar o helicóptero Black Hawk sob registro N-3032 da Marinha Brasileira.
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"T-25 aeronave treinadora da Academia da Força Aérea em exposição" |
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"T-25 da AFA e a Cadete Isabella recepcionando o público" |
Ao lado dos Tucanos, os Neivas T-25C de treinamento podiam ser vistos agrupados e em suas asas os cadetes da Força Aérea preparando as aeronaves para visitação do público interessado.
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"A-4 Skyhawk, registro N-1021 da Marinha Brasileira, no cantinho do pátio exposto" |
Um dos tipos de aeronaves mais procuradas pelos visitantes era os jatos de caça, porém somente um estava estático num cantinho do pátio, o famoso McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, registro N-1021, da Marinha que mais tarde fez tremer o coração de muita gente.
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"Dirigível Airship ADB-3-X01, matrícula PR-ZOV, fazendo sua apresentação ao público" |
Voltado para o público, no pátio, as três esquadrilhas aguardavam para iniciar suas belíssimas apresentações e ao fundo o dirigível Airship ADB-3-X01, matrícula PR-ZOV, decolando para sua apresentação.
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"Esquadrilhas da Fumaça, Halcones e Extreme juntas no pátio" |
Pouco antes da apresentação do Dirigível ADB-3-X01, o nosso querido narrador Vadico conseguiu mais uma vez emocionar muitas pessoas na abertura do evento, uma linda oração foi narrada para guiar as apresentações daquela manhã.
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"Antigo NA T6 da Esquadrilha da Fumaça exposto no hangar" |
ESQUADRILHA CÉU
LA ESCUADRILLA DE ALTA ACROBACIA "HALCONES"
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"Público aguardando a apresentação dos Halcones" |
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"Halcones saindo juntos para sua apresentação" |
O alvoroço foi grande ao ser anunciado que a próxima apresentação seria dos militares chilenos da Força Aérea do Chile, os Halcones, com suas aeronaves do tipo Extra X-300L – que chegaram desmontadas a bordo de dois Hércules C-130 da Força Aérea Chilena no dia 08 e montadas em três dias para as apresentações.
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"Halcones desenhando a estrela chilena no céu" |
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"Halcones em ação" |
Os pontos mais altos da apresentação foram os desenhos no céu com a fumaça das aeronaves, o coração e a estrela da bandeira do chile impressionaram os espectadores que aplaudiam com vigor e brilho nos olhos.
ESQUADRÃO DE DEMONSTRAÇÃO AÉREA – EDA / ESQUADRILHA DA FUMAÇA
ESQUADRILHA EXTREME
DEMAIS APRESENTAÇÕES E SOBREVOOS
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"Esquadrão Apollo e seus T-25 da FAB' |
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"Esquadrão Cometa e os Tucanos T-27" |
O Esquadrão Cometa com os T-27 de treinamento e o Esquadrão Apollo com os T-25 fizeram sobrevoo e algumas manobras sobre a pista do Campo Fontenelle.
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"Esquadrilhas novamente no solo após as apresentações" |
MOVIMENTO DURANTE A TARDE
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"A-4 Skyhawk da Marinha decolando" |
Uma decolagem e passagem em especial foi a do jato de caça A-4 da Marinha, a aeronave partiu em rota, mas antes fez três passagens sobre a pista. Uma amiga, que também presenciou, descreveu a passagem como “a aeronave passou como um tiro, um ‘ensurdecedor’ silêncio nos milésimos de segundo onde somente um vulto cinzento passava e em seguida uma explosão de som rasgando o ar como um trovão e estremecendo o corpo inteiro.
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"Um até breve a AFA com a Esquadrilha da Fumaça se apresentando" |
E assim, nosso dia foi terminando e as luzes do pôr-do-sol foi tomando conta do céu, o cansaço que batia forte era irrelevante frente a toda aquela forte emoção que dominara por completo, era “mágico”, como a mesma amiga descreveu, ver todo aquele mundo de aviação nunca antes visto.
VOLTA PARA CASA
A volta para casa foi tranquila, melhor impossível, o silêncio da volta dominou e entre cochilos chegamos em Londrina no início da madrugada de segunda-feira. Tudo valeu a pena, não houve estresse, não houve arrependimentos, só mais uma poderosa experiência de vivenciar a aviação militar, de acrobacia e civil de perto.
Até uma próxima.
Fábio, parabéns pela cobertura! Realmente a passagem do A-4 da Marinha foi linda e todas as apresentações foram de brilhar os olhos, toda a vibração também do público e do Vadico complementaram o show. Pena que as felicidades são tão passageiras e não são eternas, mas vou guardar essas com carinho. Um abraço, Amanda Fernanda.
ResponderExcluirOlá, Amanda! Fico agradecido pelo seu comentário. Sim, felicidades essas que devemos levar conosco que gostamos muito da aviação por toda a vida, lembre-se daquele som da Esquadrilha passando com as 7 aeronaves sobre nós, do A-4 fazendo aquela passagem rápida, de cada momento único em cada viagem que fizer para acompanhar a aviação que aposto que todas as tristezas serão empurradas para longe como poeira em uma pista de pousos e decolagens. Obrigado pela descrição da passagem do A-4!!
ExcluirDisponha, Fábio. Fico feliz que tenha escrito a minha descrição da passagem do A-4, foi o que senti no momento, gostei muito de ver um jato de caça voar daquela maneira pela primeira vez. ;)
ExcluirSem palavras, apenas palmas 👏👏👏👏👏👍
ResponderExcluirMuito obrigado!! ✌🙏
ExcluirParabéns pela cobertura epela experiência de terem ido na AFA! Texto muito legal e belas fotos!! Parabéns!!
ResponderExcluirFico agradecido, Rafael!! Foi show a viagem, ótima experiência.
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